Chefe de Estado na cerimónia de investidura de José Maria Neves

O Chefe de Estado, João Lourenço, é aguardado, esta segunda-feira (08), na Cidade da Praia, Cabo Verde, onde assiste, terça-feira, à investidura do Presidente eleito de Cabo Verde, José Maria Neves.

Para a cerimónia de posse, que acontece pelas 10 horas (12 em Angola), na Assembleia Nacional, estão convidados os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – organizações de que Cabo Verde é membro -, além de várias personalidades cabo-verdianas e internacionais.

Sábado e ontem, as ruas da Cidade da Praia estiveram praticamente desertas, um cenário próprio de dias de descanso, mas diferente aos que antecederam à eleição de 17 de Outubro.

Hoje, prevê-se um dia mais agitado, não apenas por ser dia normal de trabalho, mas também porque começam a chegar os Chefes de Estado e de Governo e outras entidades convidadas para o acto de amanhã. Ainda para hoje, as atenções estarão, certamente, centradas num acto, no qual o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, condecora o homólogo cessante cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, com a medalha da Ordem de Camões, a mais recente ordem honorífica portuguesa.

Entretanto, a cooperação entre Angola e Cabo Verde pode ganhar, a partir de amanhã, um novo impulso. José Maria Neves prometeu trabalhar para uma “parceria estratégica” entre os dois países. Em recente entrevista ao Jornal de Angola, após à sua eleição como Presidente da República cabo-verdiana, “JMN”, como também é conhecido o novo Chefe de Estado, revelou a sua “grande angústia” por não ter podido fazer mais quando foi Primeiro-Ministro mas considerou que se criam, agora, com a sua eleição, novas perspectivas.

“Penso que agora é possível andarmos mais depressa e irmos mais longe. Há alguns investimentos angolanos importantes em Cabo Verde, nos domínios da banca e telecomunicações”, sublinhou o novo Presidente, para quem “Angola e Cabo Verde devem procurar um nível de parceria estratégica” para o qual prometeu trabalhar.
José Maria Neves deixou uma palavra de gratidão a todos os cabo-verdianos residentes em Angola, que, tal como a diáspora no geral, contribuíram para a sua vitória nas presidenciais de 17 de Outubro. “Dizer a todos que podem contar comigo, como um Presidente actuante, amigo, presente, que está ao lado dos cabo-verdianos em todos os momentos”, prometeu José Maria Neves, que endereçou, igualmente, “uma palavra de amizade” para todos os cabo-verdianos no estrangeiro.

“Tudo temos de fazer para unir a Nação, aproveitando todas as potencialidades na diáspora, pois somos um Estado transnacional. Todos somos transmigrantes e a nossa diáspora é um recurso estratégico para reforçar a ideia na Nação global”, sustentou.

Primeiro-Ministro de 2001 a 2015, pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, actualmente na oposição), José Maria Neves toma posse como o quinto Presidente do país, depois de ter vencido, à primeira volta, as presidenciais de 17 de Outubro, ao registar 95.974 votos, equivalentes a 51,7 por cento do total. Em segundo lugar, com 78.612 votos (42,4%), ficou o também antigo Primeiro-Ministro (de 1991 a 2000) Carlos Veiga, apoiado Movimento para a Democracia (MpD), actual partido governante.

Doutorando em Ciências Políticas e professor universitário, José Maria Neves, 61 anos, já foi presidente do PAICV, deputado nacional, presidente de Câmara (Santa Catarina) e ministro.

Depois de ter sido anunciado vencedor das últimas eleições presidenciais, José Maria Neves prometeu “estabilidade institucional e política”, afirmando que a reconstrução no pós-pandemia e a mitigação do mau ano agrícola são as prioridades.

“Tenho dito, desde a campanha eleitoral, que eu serei um Presidente que une, que cuida, que protege, mas sobretudo um Presidente que vai garantir a estabilidade institucional e política, que é um recurso estratégico para o país. Vai colaborar com o Governo, com as autoridades locais, com Cabo Verde, para que encontremos as melhores soluções para o país”, afirmou José Maria Neves, dias depois de ter sido eleito e após reunir no Palácio Presidencial, com o Chefe de Estado cessante, Jorge Carlos Fonseca, para preparar a transição.

Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República, desde a Independência de Portugal, em 1975, sendo o primeiro já falecido Aristides Pereira (1975-1991), por eleição indirecta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991-2001), o primeiro por eleição directa, em 2001 foi eleito Pedro Pires e anos depois Jorge Carlos Fonseca.

Fonte: Jornal de Angola

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