Defendido aproveitamento dos projectos premiados

Os projectos de carácter científico e tecnológico, criados e desenvolvidos individualmente e em co-autoria por investigadores e universidades angolanas, devem ser melhor aproveitados pelo Estado, defenderam os participantes e premiados na 72ª edição da Feira de Ideias, Inovação e Novos Produtos (IENA), que decorreu de 4 a 7 do corrente mês, na cidade de Nuremberga, Alemanha.

O desejo foi manifestado, ontem, à chegada ao país, pelos docentes e estudantes que representaram Angola no certame, onde conquistaram oito medalhas, sendo duas de ouro, três de prata e três de bronze.

Ainda no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, após o desembarque, os investigadores angolanos pediram maior acompanhamento das criações e inovações premiadas no exterior do país e não só, sem qualquer distinção, desde que apresentem bases científicas sólidas, para o desenvolvimento tecnológico do país e benefício das populações.

O representante da Universidade Metodista de Angola, instituição que arrecadou três medalhas, é de opinião que deve haver mais valorização das invenções e criações de angolanos e dos seus autores.

Gabriel Soares Patrício, que é engenheiro informático, defende que os projectos devem ser aplicados no país, sendo para tal necessário maior investimentos na investigação científica e tecnológica.

Gabriel Soares Patrício disse não compreender o facto de a maior parte dos projectos premiados internacionalmente não serem aproveitados no país, sobretudo pelas instituições.

Co-autor dos projectos “Sistema Hidrográfico da Bacia do Rio Bengo”, medalha de prata, e “Literacia e inclusão digital nas comunidades carenciadas “, bronze, disse ser, igualmente, esse o entendimento do júri da feira, na sequência de uma conversa mantida em privado. “Já demos o nosso contributo científico, agora é necessário que se dê sequência aos projectos, pelo que é necessário investimentos para o bem do desenvolvimento económico do país”, disse, acrescentando que chega com o compromisso de continuar a trabalhar para contribuir na melhoria da arte e da ciência, visando o alcance da excelência e tornar a nação próspera.

Hangalo Bernardo Caritoco considera que para continuar a haver progressos na agricultura é necessário o contributo de todos, devendo-se apostar na cientificidade.

Vencedor de bronze, com o projecto “Programa de Ex-tensão Rural e Assistência Técnica”, o engenheiro agro-pecuário disse, ao Jornal de Angola, que tem desenvolvido um conjunto de iniciativas que visam ajudar a encontrar soluções para o desenvolvimento da agricultura e pecuária sustentáveis. De-fendeu a necessidade de haver mais apoio, para a expansão dos projectos em outras localidades.

Hangalo Bernardo Caritoco, que representou a província do Cunene, em nome da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, é detentor do projecto “Adubo orgânico (fertilizante natural, sem uso de químicos)”, que, em 2019, arrecadou medalha de prata na Feira de Nuremberga, na Alemanha.

“As bases estão lançadas, mas faltam investimentos para que os nossos projectos sejam implementados de facto e em larga escala”.

Por sua vez, Marco Carlos Paulo é de opinião que haverá mais garantia de continuidade e implementação dos projectos caso haja suporte financeiro, técnico e logístico.

Segundo o jovem, co-autor dos projectos “Efundja” e “A criança e Água”, ambos medalhados com prata na Feira Internacional de Nuremberga, os projectos compreendem várias áreas capazes de gerar novos cientistas, em-prego e riqueza.

“Sem capacidade financeira e reforço do apoio institucional, os projectos tendem a não ter o efeito que se espera”, acrescentou, alegando que a aplicabilidade dos mesmos tem sido garantida com investimento dos próprios autores.
O chefe da delegação angolana lembrou que, actualmente, é impossível falar em desenvolvimento sem crescimento tecnológico.

Gabriel Miguel, que é co-autor de sete dos 15 projectos apresentados pelo Stand de Angola na feira, afirmou que deve dar-se mais oportunidades aos quadros angolanos, começando por garantir investimento para os seus projectos.

Por Jornal de Angola

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