A Inteligência Artificial e as crianças

A Inteligência Artificial está em todas as componentes do nosso trabalho e da nossa vida, e não afeta só os adultos. Um estudo de 2019 da DataChildFutures, projeto que investiga as consequências sociais da tecnologia para o crescimento e paternidade, apontou que 46% dos lares italianos tinham altifalantes com IA, e 40% tinham brinquedos conectados à internet. Embora o estudo esteja focado no contexto de Itália, a tendência é global.

O World Economic Forum (WEF) estima que, até 2065, a maioria das crianças de hoje (65%) irão trabalhar em cargos que atualmente não existem. A forma como as gerações mais novas estão a crescer de mãos dadas com a tecnologia, traz benefícios mas também riscos. Dar formação tecnológica em ambiente escolar e capacitar as crianças para o pensamento crítico, são a chave para combater o analfabetismo digital, e garantir o seu futuro. E ao que devemos estar atentos agora?

Segundo o WEF devemos reconhecer e desbloquear o potencial da IA, cujas ferramentas de aprendizagem são impulsionadoras da inovação no setor da educação, capazes de monitorizar os níveis de ensino e conhecimento e personalizá-lo consoante a criança e as suas circunstâncias. A IA também tem um papel na melhoria e promoção da saúde das crianças, seja na deteção precoce de autismo, distúrbios genéticos ou sinais de depressão através da fala. A implementação desta tecnologia, por sua vez, tem também garantido a segurança contra perigos online, identificando predadores e restringindo-as de aceder a conteúdos que seriam impróprios para a sua idade.

Porém, há que estar atento aos desafios. Num contexto global, nem todas as regiões estão preparadas, ou confiantes, para introduzir esta tecnologia na vida das suas crianças: o Institute of Eletrical and Eletronics Engineers (IEEE) avançou num estudo de 2019 que 43% dos pais da Geração Millennials dos EUA, e 33% dos do Reino Unido, se sentiam confortáveis em deixar os filhos aos cuidados de uma enfermeira IA durante os serviços pediátricos. Em contraste, a aceitação é maior em países como a China (88%), Índia (83%) e Brasil (63%).

A questão de privacidade e segurança é outro dos grandes temas. Mais concretamente, sobre os dados que dispositivos inteligentes, assistentes virtuais e brinquedos são capazes de recolher sobre as crianças. Um exemplo do mau uso ocorreu em 2017, quando o brinquedo CloudPets foi removido do mercado após uma violação de dados que expunha as informações privadas, incluindo gravações de voz e fotografias, de mais de dois milhões de crianças.

Como nota final, a IA deve priorizar os direitos e bem-estar das crianças e, à medida que a tecnologia começa a estar cada vez mais presente nas nossas vidas, é necessário aplicar políticas e sistemas que certifiquem a segurança, regularizem o uso e incentivem a formação.

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