Sociedade

Angola “abraça” projectos de empreendedorismo 

O mercado angolano tem-se mostrado, nos últimos anos, bastante fértil para os empreendedores, sendo, por isso, considerado uma espécie de “oceano azul”, cheio de oportunidades.

De acordo com vários especialistas nacionais e estrangeiros, o país, que trabalha na melhoria do seu ambiente de negócios, proporciona, hoje, enorme margem para o empreendedorismo.

Com uma população estimada em mais de 33 milhões de habitantes, Angola tem uma taxa de desemprego de 30.20 %, conforme dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao II trimestre de 2022, o que leva milhares de cidadãos a investirem no próprio negócio.

Dados oficiais indicam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acelerou de 2,4%, no último trimestre de 2021, para 2,6%, no primeiro trimestre de 2022, impulsionado pelo sector petrolífero.

Consultoras internacionais, como a Fitch Solutions, estimaram, para 2022, um crescimento da economia angolana  em 3,5%, projecções que sinalizam que a economia angolana retomará a trajectória de crescimento, abrindo maior espaço para o empreendedorismo.

Conforme os analistas, esse segmento de mercado pode passar a notabilizar-se como alavanca da economia nacional, ainda muito dependente do sector petrolífero. 

Um estudo realizado para mapear o empreendedorismo no mundo aponta a população empreendedora “early-stage” (em estágio inicial) em Angola, no período 2020/2021, como tendo rondando os 50%, a maior cifra de 47 economias analisadas, cinco das quais africanas.

A pesquisa, apresentada em Junho de 2022, em Luanda, considera vários critérios e indica que o número de empreendedores em Angola tem crescido de ano para ano.

Avança que o insucesso é relativamente baixo, nos últimos anos, apresentando em 2020 valores próximos dos verificados em 2014 (35% e 37%, respectivamente), tendo havido um aumento de 84% na percepção do risco, de 2018 a 2020.

O relatório refere que a intenção de iniciar um negócio (estimada em 83%) continua a ser mais elevada entre a população angolana do que em qualquer outro dos países analisados pelo Global Entrepreneurship Monitor, GEM Angola (GEM 2020/2021 Global Report).

O estudo realça que a actividade empreendedora na faixa etária 18-24 anos tem registado o maior crescimento, tendo sido, inclusive, a que teve a menor taxa em 2014 (15%) e quase maior em 2020 (54%).

Neste período, a diferença dessa faixa etária foi de apenas um ponto percentual relativamente à faixa dos 25 aos 34 anos de idade (55%).

A pesquisa foi realizada pela Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) – uma empresa de consultoria criada em 1996, em parceria com o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-UCAN) e o Banco de Fomento de Angola.  

Envolveu dois mil indivíduos, de 10 províncias, e a auscultação de 37 especialistas nacionais, que avaliaram 11 condições estruturais.

Envolveu dois mil indivíduos, de 10 províncias, e a auscultação de 37 especialistas nacionais, que avaliaram 11 condições estruturais.  

Entre os países avaliados constam os Estados Unidos da América, Brasil, Togo, Burkina Faso e a Alemanha, que ultrapassam Angola em alguns critérios analisados, como o período de sobrevivência de um negócio. No país, em cada cinco, quatro não sobrevivem.

O GEM reúne informações recolhidas ao longo dos últimos 22 anos, tendo analisado, neste período, mais de 120 economias, contando com a colaboração de mais de 500 especialistas, bem como a contribuição de mais de 300 institutos de investigação e duzentas mil entrevistas.  

A propósito do assunto, o responsável da Bureau Feerie, Amílcar Tchinguelessy, entende que, embora desconheça o referido estudo, Angola é um mercado fértil.

O especialista é de opinião que o empreendedorismo deve ser tratado com seriedade, como um verdadeiro alicerce para alavancar a diversificação económica.

“Se olharmos para as grandes nações, percebemos que o empresariado, na verdade, tem sido um parceiro estratégico para poder gerar empregos. Empreendedores bem consolidados tornam-se empresários que vão criando oportunidades de negócio para depois empregarem mais pessoas”, argumenta.

Considera que o empreendedorismo é um encurtamento daquilo que seria o estilo de vida de uma pessoa, devendo criar negócio, gerar impacto, fomentar a economia e ajudar o país a crescer, “deixando de procurar emprego e acabando por gerar mais empregos”. 

Destaca o facto de existirem várias empresas que, independentemente dos problemas de Angola, empreendem no país, o que demonstra a existência de oportunidades de mercado.

ANGOP

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