Escuteiros exortados a evitar actos que atentam contra os seus princípios

O chefe nacional da Associação dos Escuteiros de Angola (AEA), Kikas Manuel Machado defendeu, em entrevista ao Jornal de Angola, a necessidade de se inibir ou punir os comportamentos e atitudes que ferem a moral, os princípios e valores do escutismo.

Kikas Machado falava à margem do Encontro do Conselho Nacional Plenário, onde realçou que os “Escuteiros não devem ter duas personalidades, sendo uma virtual e outra real”, frisou.

O responsável considerou, na ocasião, ser urgente regular e promover alterações aos regulamentos, pois muitas comunicações transmitidas pelas redes sociais nem sempre são positivas, havendo mesmo comportamentos impróprios, contrários à moral escutista e que ofendem à sociedade.

 O escuteiro-chefe fez saber  que desde que há 25 anos AEA foi reconhecida como membro de pleno direito da Organização Mundial do Movimento Escutista, e quase 29 da sua fundação, hoje é uma organização que se quer mais forte, organizada, diversificada e livre de controlo externo, o que significa dizer que só os órgãos legitimamente constituídos é que têm autoridade de decidir sobre o seu destino.

“Nesse sentido, chamo atenção para algumas tendências emergentes que assombram a organização. Refiro-me ao surgimento das chamadas coordenações dos credos religiosos onde, com efeitos tristes, várias denominações religiosas enveredaram por esta via”.

Projectos sociais

Kikas Manuel Machado apelou aos chefes regionais dos escuteiros angolanos, no sentido de dinamizar projetos sociais em cada território onde estão localizados e monitorizar as unidades de base, pois é lá onde as coisas devem acontecer.

O responsável escutista disse existir o compromisso com a implementação do projecto árvores da vida, cuja meta é atingir um milhão de árvores plantadas, projecto “Fala Comigo” para permitir que todos os membros da AEA sejam familiarizados com a Língua Angolana de Sinais e permitir um escutismo mais inclusivo.

Contam igualmente o plano “Kamba do Peito”, com o qual a organização se propõe abordar questões ligadas à saúde sexual e  reprodutiva,  das adolescentes e jovens, bem como o projeto “Hortas Caseiras”, que visa dinamizar pequenas lavras nas comunidades e contribuir para o alívio da fome e da pobreza.

“A nossa associação retomou a sua dinâmica de crescimento tendo conhecido um aumento de 21 por cento do efectivo, depois de ter perdido cerca de 14, durante o período da Covid-19. Aumentámos significativamente a oferta formativa de adultos”, disse.

Kikas Machado deu a conhecer que, materializando os diferentes cursos da grelha de formação da política nacional dos adultos no Escutismo, existem agora formações avançadas, provocando em consequência melhorias na condução e gestão das unidades escutistas.

A par disso, assegurou, é importante aumentar a dinâmica dos projectos para melhorar a imagem externa da associação e atrair novas parcerias para a sustentabilidade da organização, visando alcançar as metas definidas no Plano Estratégico Nacional, que é alcançar 100 mil jovens a beneficiar dos valores morais do Escutismo.

“Daí que precisamos de aprimorar a performance dos nossos formadores para responder à demanda do crescimento, pois, hoje, com 540 agrupamentos registados e mais de 2200 unidades escutista, cerca de 60.000 membros em efectividade de funções e com mais de 6 mil adultos, somos a maior bolsa de voluntários do país, facto que deve a todos orgulhar”, realçou.

Crescimento espiritual

O líder associativo realçou que a Junta Central considera legítima que as autoridades religiosas se interessem mais pelo crescimento espiritual, consolidação da fé dos escuteiros, que acolhe no seu meio.

Kikas Machado reconhece que, em alguns casos devidamente identificados, há sinais claros de desvio da finalidade e de ultrapassar dos limites a que se devia ater, criando entre os escuteiros um clima cinzento que roça à desordem e à divisão da organização.

“Meus caros irmãos da AEA estão a ser atacados na sua unidade, e isso já aconteceu antes na década de noventa, quando se registou a grande divisão entre os escuteiros da época, cujos efeitos e feridas são difíceis de sarar ainda se sentem nos dias de hoje”, lembrou.

O responsável apela aos órgãos de gestão da AEA, a todos os níveis, para acionarem, de forma legítima, medidas activas e preventivas para manter a unidade e expulsar todas tentativas que ameacem a unidade dos Escuteiros.

Para tal, Kikas Machado garantiu que será organizado um encontro nacional da espiritualidade para que as autoridades religiosas possam se exprimir num quadro institucional, nos termos do regulamento geral em vigor e das diretrizes da Organização mundial sobre a espiritualidade no Escutismo.

O Encontro Nacional de Formadores é uma actividade da grelha de eventos da AEA que reúne bienalmente este grupo de Adultos que têm a missão específica de conceber, preparar, animar e avaliar as acções de formação dos Adultos.

Participaram do evento, o presidente do Comité Nacional da AEA, presidente do Conselho Nacional de Ética e Disciplina, centro de apoio regional africano do bureau mundial, membros da Junta Central e dos serviços centrais, chefe regional de Luanda e o presidente do Comité Nacional do Fórum Jovem.

Fonte: Jornal de Angola

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