Assaltos, atropelamentos e constantes acidentes preocupam moradores da Centralidade do Kilamba
Assaltos, atropelamentos e constantes acidentes de viação estão a preocupar os moradores da Centralidade do Kilamba, que se queixam também de não terem mais a tranquilidade vivida nos primeiros anos. A centralidade, a primeira a ser inaugurada no País, celebrou nesta terça-feira 12 anos de existência.
A administração do Kilamba assegurou que entre as actividades que norteiam as festividades dos 12 anos da centralidade está a realização de uma palestra onde questões relacionadas com o Kilamba serão discutidas.Em unanimidade os interlocutores com quem o Novo Jornal conversou disseram que entre as preocupações estão a falta de segurança que vai desde os assaltos e atropelamentos aos acidentes que muitas vezes resultam em óbitos.
O consumo e venda de droga por parte dos jovens e adolescentes em várias zonas e escolas daquela centralidade são também algumas das inquietações que habitantes descrevem como preocupantes.
A Centralidade do Kilamba é um dos espaços urbanos mais referenciado de Angola e está 100 por cento habitada.
O fornecimento de água potável, energia eléctrica e espaços verdes não constituem preocupações para os moradores, mas reconhecem que há muita coisa por se fazer ainda na centralidade.A falta de manutenção dos edifícios, a degradação de vários passeios e o não funcionamento de alguns semáforos constituem uma preocupação por parte dos moradores, a par dos assaltos a viaturas estacionadas no período nocturno.
Alguns moradores, que preferiram não serem identificados, disseram que há assaltos em quase todos os quarteirões e que têm sido frequentes nos últimos tempos.
“Os assaltos não têm horário. Acontecem a qualquer hora do dia, seja de manhã, tarde ou de noite. Há cinco dias uma vizinha foi assaltada à entrada do edifício e os marginais ainda fizeram disparos”, contou o ao Novo Jornal o segurança de edifícios onde a mulher foi assaltada.
Margarida Bernardo, de 46 anos, moradora há oito na centralidade, contou que viu a sua filha ser assaltado da janela do prédio onde vive e por sorte não se atirou do edifício.
“A minha filha de 14 anos foi assaltada por dois motoqueiros quando se aproximava do nosso prédio à luz do dia. O meu esposo também sofreu assalto no mês passado, em que lhe levaram o telefone e um computador portátil do serviço”, contou a mulher. Vários moradores disseram que muitos assaltantes escalam os apartamentos como se fossem “homens aranhas”.
“Por isso é que há vários apartamentos gradeados nos edifícios. Porque não há segurança séria aqui”, descrevem os moradores, que pedem maior intervenção da polícia através do CISP. Um oficial superior das FAA, morador, com quem o Novo Jornal conversou no Kilamba, contou que não se percebe como numa centralidade como a do Kilamba que tem câmaras de vídeo-vigilância da Polícia há tantos assaltos e os marginais não são encontrados para desencorajar os demais assaltantes.
Atropelamentos e constantes acidentes também preocupam os munícipes do Kilamba
O não respeito pelos peões e pelos sinais de trânsito são as razões de muitos atropelamentos e acidentes no interior dos quarteirões, afirmam os munícipes que já testemunharam vários acidentes mortais.
Os jovens Domingos Manuel e Figueira Matias contaram ter assistido a vários acidentes fatais nas conhecidas ruas “R” e “E”, daquela centralidade.Marcos João, proprietário de um apartamento no quarteirão E, contou que vai colocar em arrendamento o imóvel após perder uma sobrinha, com quem vivia, no mês passado, vítima de acidente numa das entradas da centralidade.
“Apelo aos condutores que respeitem as sinalizações e o Código de Estrada. Porque os automobilistas pensam que as estradas do Kilamba são pistas da Fórmula 1”, lamentou.
Dois adolescentes contaram que quase foram atropelados na passadeira quando se dirigiam para escola e certificam não existir por parte dos automobilistas respeito pelos sinais de trânsito, assim como pelos peões.
Consumo e venda de droga por parte de jovens e adolescentes no Kilamba inquieta os munícipes
O consumo e venda de droga por parte dos jovens e adolescentes em várias zonas e escolas do Kilamba está a preocupar os moradores, sobretudo os encarregados de educação, que chamam a atenção das autoridades para tomarem a peito esta questão.
Um professor de uma das escolas do Kilamba contou ao Novo Jornal que são muitos os adolescentes e crianças que vendem e consomem drogas no recinto escolar. Sob anonimato, o professor revelou que os casos são entregues à Polícia e aos encarregados de educação que nada fazem para travar este perigo que, segundo ele, tem crescido no Kilamba. Duas estudantes contaram que já presenciaram colegas a comercializar cocaína na escola e que reportaram o assunto à direcção que accionou a polícia da centralidade. Segundo estas estudantes, dias depois um grupo de activistas ligados a uma ONG apareceu na escola a desencorajar tais práticas, mas suspeitam que o comércio de droga continua em diversos pontos. Sobre o assunto o Novo Jornal tentou sem sucesso ouvir explicações do comando distrital do Kilamba da Polícia Nacional. Apesar dos assaltos e acidentes, os moradores do Kilamba continuam “vaidosos” por viverem naquela centralidade”Kilamba é Kilamba, apesar dos problemas que existem, aqui vivem quase todos os endinheirados do País”, contou de forma sorridente uma moradora. Trata-se de Marata João António, que vive no Kilamba desde 2013, tendo salientado que de todas a centralidade o Kilamba é a melhor e está feliz por lá morar.Quem também se sente orgulhoso por viver no Kilamba é o morador Eduardo Domingos João, de 57 anos, que assegura que, tirando os condomínios, não há outro lugar melhor para se viver como a centralidade do Kilamba.
Segundo Eduardo Domingos João, viver no Kilamba orgulha e alegra qualquer um munícipe da província de Luanda. “Temos problemas, sim, mas por enquanto são todos controlados, a par dos assaltos na via pública, ainda assim nos sentimos vaidosos por viver aqui”, descreve o morador, assegurando que quem pratica os assaltos e roubos na centralidade são os moradores dos bairros vizinhos.Sobre os assuntos que narraram aos moradores, o Novo Jornal tentou ouvir a administração da centralidade, mas devido aos preparativos das festividades, não foi possível.
Felismina Ferreira, administradora adjunta da Centralidade do Kilamba, assegurou à imprensa que das actividades que norteiam as festividades dos 12 anos da centralidade, está a realização de uma palestra onde questões relacionadas ao Kilamba serão discutidas. Entretanto, um bolo de 12 metros de comprimento foi encomendado pela administração da centralidade para apagar as velas com os munícipes nesta data natalícia.
Fonte: Novo Jornal