Cogumelo impróprio para o consumo humano provoca a morte de duas crianças no Lóvua

Duas crianças da mesma família, com cinco e seis anos de idade, morreram, sábado, na sede municipal do Lóvua, província da Lunda-Norte, por alegada intoxicação alimentar, depois de terem comido cogumelo impróprio para o consumo humano, informaram, segunda-feira, as autoridades sanitárias locais.

Em declarações à imprensa, o médico em serviço no Centro de Saúde do município do Lóvua, Eliseu Dondi, explicou que as crianças, uma menina e um rapaz, viviam com a avó materna e a mãe, no bairro Mundazala, e, depois da ingestão do cogumelo, começaram a apresentar várias complicações, sobretudo vómitos. 

De acordo com o médico, a unidade sanitária teve apenas o registo da morte de uma das duas crianças, que deu entrada por volta das 4h00 da manhã de sábado, já em estado crítico, pois a outra chegou sem vida ao Centro de Saúde. 

Segundo o médico Eliseu Dondo, seis outros membros da mesma família e um vizinho que consumiram o mesmo cogumelo recebem assistência no Centro de Saúde do  município do Lóvua. 

Os pacientes, explicou, foram avaliados, de acordo com as condições existentes na unidade sanitária e, caso apresentem complicações que não possam ser resolvidas localmente, serão transferidos para hospitais de referência na cidade do Dundo, capital da Lunda-Norte, a 75 quilómetros da sede municipal do Lóvua. 

O médico defende, dada a gravidade da situação, a criação de uma equipa multidisciplinar, integrada por técnicos do Departamento Provincial da Saúde Pública e Controlo de Endemias, peritos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), da Agricultura, Pecuária e Pescas, para se aferir até que ponto o cogumelo é impróprio para o consumo humano. 

Eliseu Dondi disse que o envio de amostras a Luanda, capital do país, para estudos laboratoriais, vai permitir que seja lançado o alerta sobre o perigo do consumo do cogumelo que terá, supostamente, causado a morte das duas crianças no Lóvua. 

As autoridades tradicionais e líderes comunitários, sugeriu, têm de assumir a responsabilidade de transmitir à população e outros aglomerados populacionais do município do Lóvua os perigos da ingestão de cogumelos impróprios para o consumo humano, para se evitar infortúnios. 

Por sua vez, Lukwenu Kexi, avó das crianças falecidas, explicou que o cogumelo que terá provocado a morte por intoxicação foi tirado da sua lavra, na sexta-feira, data em que a família consumiu tal alimento. 

A mãe das crianças, também, participou da colheita do cogumelo, depois de ter concluído a plantação de outros produtos agrícolas na lavra familiar, disse Lukwenu Kexi, antes de afirmar que desconheciam que o mesmo fosse impróprio para o consumo humano. 

Contou que, já em casa, a mãe das crianças cozinhou o cogumelo, provou-o, tendo depois orientado a filha para fazer o funge, que serviu de refeição para todos os membros da família e de uma vizinha. 

“Uma hora depois e de forma seguida, as pessoas que consumiram o cogumelo começaram a apresentar complicações, como dores de estómago, vómitos e fraqueza, o que provocou a morte imediata de uma das crianças”, explicou.

Fonte: Jornal de Angola